terça-feira, 5 de maio de 2015

Os nós da corda
               
Um homem vivia sempre sereno e atraía a atenção de todos que paravam para conversar com ele.
                Todos estavam curiosos por saber qual era o motivo de sua constante alegria e bondade. Um dia, o rei o procurou e ficou conversando:
- Você anda sempre alegra. Nunca se preocupa com seu destino? Nunca pensa nos pecados dos quais Deus vai pedir conta? Afinal, todos somos pecadores.
                O homem respondeu:
- O senhor tem toda a razão em dizer que a gente deve dar conta do mal que faz. Eu pensa e faço assim: Imagino que a gente está amarrado a Deus por uma corda.
- Como assim? – perguntou o rei.
- A gente peca, corta esta corda. Mas quando a gente se arrepende e pede perdão, o que Deus faz? Ele pega as duas pontas da corda e faz um nó para reatá-la. Deste jeito a corda fica mais curta e a gente fica mais perto de Deus. Os anos passam; apesar do esforço, continuo falhando; mas Deus vai fazendo mais nós na corda e a gente acaba chegando cada vez mais perto Dele!
                O rei ficou muito admirado com a sabedoria do homem e entendeu a situação daqueles que, embora pecadores, experimentam a misericórdia de Deus e o amam.

(Revista: Alô mundo)

quinta-feira, 12 de março de 2015

Outro sentido da páscoa


            Um pai de família teve uma ideia na festa da Páscoa. Reuniu seus filhos e perguntou qual dos três concordaria em abrir mão de ganhar um ovo de chocolate. Com o valor compraria um pijama para doar aos velhinhos de um asilo.
            O filho mais velho não quis opinar, calou-se. A filha mais nova concordou mais ou menos. O filho do meio foi categórico:
            - Eu não vou deixar de comer meu ovo de chocolate para comprar agasalho para velhinho nenhum. Num outro período, compraremos pijamas para eles.
            O pai, um tanto descontente por não superar o consumismo, não achou outra alternativa e foi comprar os ovos de páscoa.  Mas, mesmo assim colaborou para a campanha dos pijamas e pediu aos filhos que o acompanhassem no dia da entrega. E assim aconteceu.
            Chegou o dia da entrega. O filho do meio entregou alguns dos pijamas e, no final da visita, uma senhora chamou o garoto, deu-lhe um abraço, entregou-lhe um pacote e lhe disse:
            - Isto é uma lembrancinha, mas abra somente quando estiver retornando para casa.
            Chegando em casa, o filho ansioso pergunta ao pai:
            - Então, posso abrir o pacote?
            - Sim – respondeu o pai.

            Ao abrir o pacote encontrou três ovinhos de chocolate e uma mensagem que dizia: “que este alimento te sustente e te faça lembrar para o resto da vida que o teu gesto de doar um pijama aqueceu meu corpo e meu coração”. 
(Fonte: Contos que ensinam)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

VIVER COMO AS FLORES

Um discípulo pergunta ao seu mestre: 
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.
-Pois viva como as flores! - advertiu o mestre. 
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
Repare nestas flores, disse o mestre, - apontando para os lírios que cresciam no jardim - elas nascem do esterco, entretanto são puras e perfumadas. Extraem do adubo mal- cheiroso tudo o que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.
É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus não há razão para aborrecimento. Isso é viver como as flores.  (Fonte: Contos que Encantam)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

O CÉU E O INFERNO

Na China, um discípulo perguntou ao mestre:

- Mestre, qual a diferença entre o céu e o inferno? E o mestre respondeu:

- É muito pequena, mas com grandes consequências. E explicou:

- Vi um grande monte de arroz, cozido e preparado como alimento. Ao redor dele, havia muitos homens, quase morrendo de fome. Eles não podiam se aproximar do arroz, mas possuíam longos palitos de dois a três metros de cumprimento. No entanto, embora conseguissem apanhar o arroz, não conseguiam levá-lo até a boca. Os palitos, em suas mãos eram longos demais. Assim, famintos e moribundos, embora juntos, permaneciam solitários, curtindo a fome eterna, diante de uma fartura inesgotável. Isso é o inferno.

E o mestre continuou:

-Vi outro grande monte de arroz, cozido e preparado como alimento. Ao redor dele, havia também muitos homens famintos, mas cheios de vitalidade. Eles também não podiam se aproximar do arroz, mas possuíam palitos de dois a três metros de cumprimento. Eles encontravam as mesmas dificuldades para levar à própria boca o arroz, já que os palitos eram longos demais. Porém, eis a grande novidade: com seus longos palitos, em vez de levarem à própria boca, serviam o arroz aos outros. Dessa forma, numa grande comunhão fraterna, juntos e solidários matavam sua fome. Meu amigo, isso é o céu. 

Fonte: Vivendo e Aprendendo

quarta-feira, 7 de maio de 2014

UM PEDAÇO DE PÃO

Na Alemanha, logo após a Segunda Guerra Mundial, um médico falecera com idade de 89 anos. Passada uma semana, seus filhos encontraram algumas preciosidades guardadas pelo pai num pequeno armário. Havia lá um colar de pérolas da mãe, uma plantinha de prata que o médico havia ganhado na universidade, um objeto de marfim da África e um pedaço de pão duro e seco. Os filhos procuravam entender a razão pela qual o pão se encontrava junto às preciosidades do pai, mas nada descobriram. Então chamaram uma antiga cozinheira e esta contou o seguinte:
Depois da guerra, havia pouca comida no país. Estando o médico doente, um velho veio visitá-lo e lhe deu aquele pedaço de pão. Porém, o médico recusou-se a comê-lo e o mandou para a vizinha cujo filho também estava doente. Disse o velho:
- Eu já estou velho, mas aquela criança está no começo de sua vida.
A vizinha agradeceu ao receber o pão e o enviou a um idoso achando que seria mais justo. Este também não ficou com o pão e o mandou à sua filha, que morava com duas crianças num porão perto dali. Esta, porém, com a intenção de ajudar o médico, levou o pedaço de pão até ele. Ao chegar novamente em suas mãos, o médico percebeu que se tratava do mesmo pão. Emocionado disse:
- Enquanto permanecer vivo entre nós o amor que reparte seu último pão, não temo pelo nosso futuro. Este pão saciou a fome de muitas pessoas, sem que ninguém tivesse comido dele um pedaço sequer. Vamos guardá-lo bem e, quando o desanimo se abater sobre nós, olhemos para ele!

Os filhos então compreenderam a ação do pai e decidiram deixar entrar em seus corações o amor que reparte e anima. 

Fonte: "Contos que encantam"

O CRISTO MUTILADO

Terminada a Segunda Guerra Mundial, que deixou muita destruição, os operários iniciaram obras de reconstrução de uma aldeia.
Começaram a restaurar as casas. Ao chegarem junto das ruínas da igreja, encontraram tudo destruído. Junto ao altar, no meio de destroços, estava um crucifixo sem braços. Era uma escultura muito bela. Procuraram então por todo o lado os restos da imagem a fim de a recomporem, mas nada encontraram.
Ergueram as paredes da igreja, colocaram o telhado. Finalmente, os acabamentos no exterior e no interior. No centro, um altar de mármore branco.
O que fazer com o Cristo mutilado? 
Colocá-lo na parede do fundo, onde estava antes? 
Mas assim, mutilado, sem braços?

Foi então que um dos presentes pensou que seria uma boa ideia de colocá-lo assim mesmo, sem braços. Assim fizeram. Mas, ao lado, deixaram uma inscrição que dizia: 
“Os meus braços sois todos vós!”


Fonte: "Contos que encantam"

O SÁBIO

Havia um rei muito poderoso, que obrigava seu povo a chamá-lo de sábio. E todos assim o faziam. Certa vez o rei passeava pelo seu reino, quando se deparou com um pobre agricultor, que vivia com sua esposa e tirava seu sustento da terra. O soberano lhe perguntou: sabe com quem você está falando? A que o pobre homem respondeu:
- Sim, estou falando com meu Rei.
E o rei prosseguiu:
- Qual é o meu título?
O pobre homem explicou que o chamaria apenas de rei, sem acrescentar o título de “o Sábio”, porque, honestamente, não tinha dados que pudessem justificar essa afirmação.
O rei ficou furioso e mandou prender o pobre. A cada mês ia ao seu cárcere para perguntar se o velho mudara de ideia. Mas a resposta era sempre a mesma.
- Infelizmente, nada vi que levasse a prestar essa reverência, eu não estaria sendo sincero.
O rei ficou ansioso e curioso. O que levaria aquele homem a lhe negar reverência que mais apreciava?
Mudando de estratégia, mandou libertar o lavrador, mas o seguiu até seu modesto lar.
Ali chegando, o homem foi abraçado por sua esposa, que se mostrou indignada com  o tratamento que o rei dispensara ao pobre homem.
O rei testemunhava a cena atrás de uma janela, no lado externo da casa. E a mulher insultava o rei, chamando-o de incompetente e sem coração. Mas o homem  corrigiu suavemente sua amargurada companheira, afirmando que o rei era bondoso, que prestava assistência aos necessitados, aplicava bem os impostos e seu reino proporcionava trabalho para todos.
O rei se emocionou e arrependeu-se do que fez. Movido por um impulso irresistível, entrou naquela casa, com lágrimas nos olhos, e, de joelhos, pediu perdão por seu erro. O agricultor o acolheu, dizendo:
- O Senhor está perdoado, meu rei, o Sábio!

O monarca, surpreso e feliz, perguntou ao homem injustiçado o que fizera mudar de ideia. O lavrador, com voz serena, explicou que agora tinha argumentos honestos para fazer a afirmação, pois o verdadeiro sábio é aquele que começa a mudar, tendo a humildade para reconhecer seus próprios erros. 

Fonte: "Contos que ensinam"